quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Às vezes, quando as coisas correm bem, os dias parecem mais fáceis. Quer dizer, são mesmo mais fáceis.
Parece fácil acreditar, em nós e nos outros. Parece que tudo vai sair bem quase sem esforço. Parece que "auto-estima" não é uma coisa que se conquiste, que dê trabalho, que custe suor e lágrimas. Às vezes, até sangue...
Parece que é tudo intuitivo. Simples! Sem disfarces, sem recursos, sem máscaras...

Mas, noutros dias, quando nada corre bem e, ainda por cima, tudo corre mal, lembramo-nos que nada nos é dado. Se queremos avançar, temos de ser conquistadores.

Seria mais fácil ir só à tona... mas também....

Que luta é que isso dava?
Do que é que isso valia?
Onde é que isso nos levava?

E, no fim de contas, em quem é que isso nos transformava?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

sábado, 28 de abril de 2007

Velhos amigos e Amigos em velho

Existem coisas que, por muito que me esforce, nunca consigo traduzir em palavras. Falta sempre alguma coisa na definição. Falta sempre, basicamente, o essencial. O sentimento.

Como a Amizade.
Eu não consigo definir um Amigo. Não consigo explicar as voltas que sinto no estômago quando penso num deles. O senti-los quase como me sinto a mim, quase como se o que nos aproxima e nos une nos tornasse telepaticamente unos.
Acho que, nesse sentido, cada Amigo é como uma namorada assexual. Desperta-me, preocupa-me, alegra-me, chateia-me a molécula, apoia-me, apoia-se... tudo menos a outra parte :)
E, entretanto, havia aquela teoria de que os Amigos, os verdadeiros, os que se escrevem com G grande (de Gajo ou de Gaja, dependendo do caso...) só aparecem até uma certa idade. Tipo até aos 6 anos, ou assim...
Ou então, para aqueles tipos com sorte, ainda dava para arranjar um ou dois na Faculdade. Pouco mais do que isso...
Bem, tenho a dizer que estes últimos tempos têm sido um verdadeira epifania! Afinal, mesmo já sendo cota (como alguns fizeram questão de deixar bem vincado no meu espirito), parece-me que tive a sorte de encontrar pelo caminho (ou talvez me tenham encontrado eles, à beira da estrada...) uns tipos e tipas porreiros, engraçados, que me fazem rir... e não me fazem usar máscaras.
Isto é lixado...
Em vez de me darem material para vir para aqui debitar, acerca dos meus medos e dos meus esconderijos...
Ah e tal... vamos a qualquer lado?
Como eu disse naquele dia em que a Iluminação me bateu na cara:
"A Amizade é como um calhau. Quanto mais pesada, mais nos custa atirá-la para longe"
Olhem... bebo aos (e com os...) Amigos!!!

Tempo...

Tenho andado com pouco tempo...
Esta é uma boa desculpa. Geralmente funciona até comigo mesmo. Principalmente quando dou por ela e já deixei passar aquelas coisas que me fazem falta ou de que gosto...
Pouco tempo...
É como para escrever. Por muito que os sentimentos e as situações andem em reboliço cá dentro, por muito que as palavras queiram sair, por muito que me sinta sufocado... Por muito que me magoe ou que me alegre... "ah e tal, não tenho tempo..."

Um bocado estúpido! Mas enfim... como agora estou com um bocadinho de pressa, como agora não tenho assim muito tempo...

Já volto

terça-feira, 13 de março de 2007

Descascar cebolas...

Estava aqui a pensar...
Já viram como não é nada fácil descascar cebolas? Tudo bem que há algumas que quase nem damos por ela, mas também há outras...
Um gajo ainda nem lhe tirou a casca toda e já chora baba e ranho! Eu, que tanto gozava com a minha mãe, quando era puto, por não perceber como é que ela nem conseguia abrir os olhos (desculpa lá isso, mãe :) ), agora "ando a pagá-las"...

Pois é, descascar cebolas...
...às vezes, era bem mais fácil se, simplesmente, não tivéssemos de o fazer.

quinta-feira, 8 de março de 2007

E isto, porquê?

Bom, para começar tenho de dizer que o filme "V for Vendetta" me marcou. Muito. E que me deu o mote para esta, chamemos-lhe assim, compilação das minhas máscaras quotidianas.
Como diz o V,

"There is a face beneath this mask,
But it's not me.
I'm no more that face than I am the muscles beneath it,
Or the bones beneath them"


As maiores máscaras que pomos, as mais elaboradas, as mais intrincadas e as que mais nos custam a tirar não são as de Carnaval. Nem (pelo menos, nos dias que correm) as que a nossa pele, os nossos músculos e os nossos ossos constroem debaixo da nossa aparência.
Para estas, bastava cortar os elásticos e deixá-las cair. Ou ir a uma cirurgia plástica (paguem muito, sejam bem servidos...) compôr as laroquices do rosto. E do corpo...

As mais dificeis são as que temos debaixo disso. As regras que nos impomos, as aparências a manter, os risos contidos, os afectos escondidos, os sentimentos ignorados. O não dizer, o não contar, o não perguntar. O abdicar da nossa integridade, nas grandes ou nas pequenas coisas, o contornar a sinceridade.
A nossa recusa, sistemática, à intimidade.
Para nossa protecção construimos sistemas de defesa complexos. Distâncias, abismos, portões. Sistemas de defesa e de dissuasão. Para diminuir as hipóteses de nos magoarmos.
E vamos, na mesma medida, quase sem darmos por isso, diminuindo as hipóteses de nos darmos.

A distância até pode ser boa. Mas se a tua cara-metade fosse no carro da frente, não preferias bater-lhe na traseira logo na primeira travagem?

Aqui vão ficar, por isso, as minhas várias máscaras. Como diz o Burro, no Shrek, somos como as cebolas. Há sempre mais uma camada por baixo...
Aqui ficarão também, por isso, as histórias (e as estórias...) deste meu descascar de cebola. Das camadas que saem, e também das outras...