terça-feira, 13 de março de 2007

Descascar cebolas...

Estava aqui a pensar...
Já viram como não é nada fácil descascar cebolas? Tudo bem que há algumas que quase nem damos por ela, mas também há outras...
Um gajo ainda nem lhe tirou a casca toda e já chora baba e ranho! Eu, que tanto gozava com a minha mãe, quando era puto, por não perceber como é que ela nem conseguia abrir os olhos (desculpa lá isso, mãe :) ), agora "ando a pagá-las"...

Pois é, descascar cebolas...
...às vezes, era bem mais fácil se, simplesmente, não tivéssemos de o fazer.

quinta-feira, 8 de março de 2007

E isto, porquê?

Bom, para começar tenho de dizer que o filme "V for Vendetta" me marcou. Muito. E que me deu o mote para esta, chamemos-lhe assim, compilação das minhas máscaras quotidianas.
Como diz o V,

"There is a face beneath this mask,
But it's not me.
I'm no more that face than I am the muscles beneath it,
Or the bones beneath them"


As maiores máscaras que pomos, as mais elaboradas, as mais intrincadas e as que mais nos custam a tirar não são as de Carnaval. Nem (pelo menos, nos dias que correm) as que a nossa pele, os nossos músculos e os nossos ossos constroem debaixo da nossa aparência.
Para estas, bastava cortar os elásticos e deixá-las cair. Ou ir a uma cirurgia plástica (paguem muito, sejam bem servidos...) compôr as laroquices do rosto. E do corpo...

As mais dificeis são as que temos debaixo disso. As regras que nos impomos, as aparências a manter, os risos contidos, os afectos escondidos, os sentimentos ignorados. O não dizer, o não contar, o não perguntar. O abdicar da nossa integridade, nas grandes ou nas pequenas coisas, o contornar a sinceridade.
A nossa recusa, sistemática, à intimidade.
Para nossa protecção construimos sistemas de defesa complexos. Distâncias, abismos, portões. Sistemas de defesa e de dissuasão. Para diminuir as hipóteses de nos magoarmos.
E vamos, na mesma medida, quase sem darmos por isso, diminuindo as hipóteses de nos darmos.

A distância até pode ser boa. Mas se a tua cara-metade fosse no carro da frente, não preferias bater-lhe na traseira logo na primeira travagem?

Aqui vão ficar, por isso, as minhas várias máscaras. Como diz o Burro, no Shrek, somos como as cebolas. Há sempre mais uma camada por baixo...
Aqui ficarão também, por isso, as histórias (e as estórias...) deste meu descascar de cebola. Das camadas que saem, e também das outras...