quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Chico Buarque

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
...isto é carência.
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Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
...isto é saudade.
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Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
...isto é equilíbrio.
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Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
...isto é um princípio da natureza.
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Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
...isto é circunstância.
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Solidão é muito mais do que isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos,
em vão,
pela nossa alma...
Chico Buarque

sábado, 11 de outubro de 2008

Dia perfeito...

Confesso que nunca acreditei em dias perfeitos.
Sempre pensei que, no meio de tudo o que de bom e de feliz um dia pode ter, haveria sempre alguma coisa de menos... perfeito.
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Afinal enganei-me :)
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Se algum pormenor houve que pudesse ter estragado isso... passou-me ao lado!
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Pois é... muito feliz!!!
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Marrakech... here we go!!!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

E hoje, o Outono...

E hoje o Outono bateu-me na cara...

Assim de repente, sem aviso. Fingiu-se desaparecido estes dias, como se tivesse decidido adiar a visita para o ano que vem. Como se "deixa lá isso e os casacos, vou deixar o Verão estafar-se até ao fim, enquanto eu ainda saboreio mais uns solzinhos antes de me meter ao trabalho..."

O fulano é tramado!

Abri a porta a olhar para os tons quentes do nascer do Sol, por cima da serra, e ele apanhou-me de surpresa. Estava emboscado logo ali na soleira, colado às paredes a toda a volta, nem respirava para não se denunciar...

Ontem ainda pensei tê-lo ouvido... à noitinha, enquanto me deleitava com o café, ouvi um restolhar de passos familiar. Vim à janela, curioso, espreitar, mas não vi nada. Pensei que o arrepio fosse do fresco das noites de Verão, mas, afinal, já era ele a passar-me os dedos pelo pescoço.

Matreiro, o fulano! Insinua-se e esconde-se, faz-se adivinhar e camufla-se, vai-e-vem, faz-de-conta... Mas também, o que esperar de um tipo chuva de manhã-Sol à tarde? Calor-frio? Cinzento-luminoso? Preto-e-branco/Multicores? Este, que deve ter aprendido as artes com o risonho deus Loki, faz das partidas um verdadeiro "trick or treat" halloween'esco, espalhado por vários meses e com dosagens diversas.

Seja como for, quando atravessei a porta, com a boca aberta, de espanto e de bocejos, o Outono bateu-me na cara! Assim, de rompante, de chofre, de repente.

Bateu-me na cara e rodeou-me, sem rodeios passe o pleonasmo, entranhou-se-me pela camisola acima e pelo colarinho abaixo, tentou entrar por todos e por cada poro. E começou a rir-se! De mim! Da minha cara...

Surpresa!, dizia ele, entre cada gargalhada e cada investida, como se alguma possibilidade houvesse de eu estar distraído. Surpresa!, ria-se ele, revolteando, vindo e fugindo, mais um arrepio aqui e um friozinho na barriga por além...

Depois lá foi. A rir-se, claro, a diluir-se na distância e nos raios amarelos e rosas, a fazer-se novamente esquecido no calorzinho bom do Sol que ia aparecendo e novamente a fazer caretas e a tirar a língua nas sombras do caminho.

Lá pensei eu, também já a rir-me, claro, que agora ficava avisado. Que este, este ano pelo menos, já não me apanhava desprevenido, desprecavido, de surpresa. Ah! Mas eu avisei-vos: o Outono, esse fulano, é tramado. É malandro, matreiro. É maroto!

E então, ia eu pela Baixa depois de almoço, a saborear o café e o quente do Sol alto, quase de Verão (distraído, claro!) e aquele tipo, por cima do meu ombro, matreiro, traquinas, a rir-se, claro!:

- Surpresa!

Aaahhh.... aquele cheirinho a castanhas assadas...