sexta-feira, 18 de março de 2011

Grey/Dexter mood

Dos meus amigos, daqueles que me são próximos, sempre que necessário, eu não espero menos do que uma lâmina afiada. Certeira. Cirúrgica.

Algumas coisas podem ter tratamenos suaves. Um creme, uma massagem, pequenas agulhas espetadas ou tratamentos que quase induzem o sono. Coisas ligeiras, pequenas, insignificantes.

Outras não, precisam de atenção cuidada, imediata, eficaz e perspicaz. Sem grandes experiências, sem contemplações, sem piedade.

Algumas coisas, outras coisas, precisam de ser excisadas. Removidas. Mal cortado pela raíz, como se costuma dizer.

E aí, meus amigos, por muito que se grite, prefiro um corte limpo. Direito, seguro, sem hesitações. Prefiro a precisão de um bisturi afiado a cócegas com faquinhas de barrar paté.

Prefiro a dor lancinante de um corte rápido seguido da ajuda a fazer o curativo do que a moinha suave mas quase eterna de qualquer coisa que quase não dói, quase não se sente, quase não faz nada.

Prefiro (claro!) com anestesia, venha ela num pensinho anestésico, num beijo que desvia as atenções ou numa agulha hipodérmica. Mas percebo que , às vezes, o tempo escasseia e que, outras tantas, o que escasseia é a paciência para anestesiar a mesma zona, over and over and over...

No limite, quando o problema tende para o infinito, parece-me preferível um ferro quente, em brasa. Menos limpo. Mais rápido. Dói? Provavelmente deve doer...

Mas prefiro uma cicatriz. Uma cicatriz é uma marca de vida (às vezes uma marca de guerra). De uma lição estudada (embora nem sempre aprendida). Uma recordação. Uma lembrança. Sarada.

Mas antes isso do que um abcesso cheio de pús, peles e carnes que apodrecem e caem em bocados, cheiros nauseabundos, sofrimento contínuo.

Antes um tratamento rude e cru (não cruel) do que um membro amputado.

Porque sabem? Nem sempre a dor é o mal maior.

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