terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A votos

A minha relação com a política vem de pequeno. O que não significa que seja político desde tenro (parece-me que nunca cheguei a ser um nem a deixar de ser o outro...)
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Quando tinha aí uns sete anos fundámos (eu e mais uns dois dos do costume) o CAP, o "Clube Anti-Política". Nome genial e com um modus operandi peculiar, de onde destaco a subida a postes de iluminação pública, de onde surripiávamos indiscriminadamente aqueles cartazes de plástico esticado entre dois pedaços de madeira. Esses cartazes eram, depois, colocados numa pira e imolados pelo fogo, no meio de uma dança parva e de muitos (claro!) risos.
De resto, e como ponto único dos estatutos, um desprezo visceral pela "política e pelos políticos". Que, já na altura, me pareciam tão ocos e vazios como hoje.
Felizmente, nessa idade, a politiquice só tem face visível em altura de eleições, e pudemos descansar ao fim de umas semanas.
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Quando voltaram os cartazes à rua (ou seja, noutras eleições seguintes) já não sentia qualquer desprezo nem aquilo me incomodava muito. Todo aquele circo me era quase indiferente, excepto pelo facto de fazerem todos demasiado barulho (e eu sei o quanto me afecta o barulho). Simplesmente, havia outras coisas no mundo, outros horizontes, outros mundos a descobrir (para o que contribuiu, talvez, a ebulição hormonal e a apatia mental dos anos adolescentes).
Até que, anos mais tarde, mais velho e sábio, comecei a ter consciência que a Política é, de facto, um "mal necessário". (Necessário da parte dela, mal da parte de quem a faz, e ainda ninguém me convenceu do contrário).
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Motivado e interessado, tentei informar-me das linhas orientadoras dos partidos da nossa praça, numa tentativa de marcar posição antes de ir a jogo. Tentativa vã e inútil, porque a única coisa que consegui foram "estatutos" e "pertenceres à J pode abrir-te muitas portas"... Soa familiar?
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Até que tive idade para votar. Comecei e nunca mais parei!
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Lembro-me da primeira vez. Era tudo novidade. E lembro-me de ter pensado "é só isto?"
Sim, parece pouco. Pesa, talvez, pouco. Mas, por tudo aquilo que custou, por todos os que lutaram (e morreram) "por tão pouco" parece-me, no mínimo, estúpido ficar alapado na esplanada em vez de fazer uma cruz no raio do papel. Ou não fazer a cruz, também é opção. Mas, pelo menos, vão buscar o raio do papel...

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