quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"Keeping Mum"

Ou, como diz a Lei de Murphy, se alguma coisa pode correr mal, vai correr ainda pior...

Esta noite lembrei-me imenso deste filme, "Keeping Mum", que é, aliás, um dos meus favoritos.
Porquê?
Por causa de um cão do vizinho que, como no filme, passou metade da noite (até às quatro! da matina) a fazer uma verdadeira serenata ao luar, do-outro-lado-da-rua-mas-como-se-estivesse-encostado-ao-vidro-da-janela... incansável, o raio do cão, a testar-me a paciência, a fazer-me uma análise às ondas cerebrais, naquela avaliação clínica dos picos entre o "é agora que adormeço" e o "toma lá mais duas ladradelas para não pensares que isto fica por aqui".

Se as maldições matassem, como no Harry Potter, aquele pulha já tinha caído fulminado há muito tempo atrás... (ou então, talvez, quem sabe, preciso mesmo da varinha para isso...)

Apeteceu-me ir lá e esganá-lo! Até deu para fazer uma curta-metragem mental, um film noir à boa maneira antiga, em que me vi, personagem principal, vestido de negro e com um olhar esgazeado, a rondar sorrateiramente o quintal e a avistar o alvo; e a laçada de sisal, coçado, a desfiar, como depois de fazer um botão em esquadria, a apertar inapelavelmente o pescoço do tipo; e o grand finale, um plano da porta a abrir de manhã e a cara de desespero do dono ao vê-lo dependurado no postigo, frio, inerte, finalmente calado; e eu a rir-me, quente, confortável, finalmente a dormir...
Logo eu, que adoro cães...

O tipo devia estar atento ao meu gráfico. Calou-se quando as minhas ondas entraram em torvelinho, desatinadas como se tivesse mentido ao polígrafo, um momento antes do Mr Hyde cá dentro se soltar...
Voltando ao filme, tudo se resolveria com um lago nas traseiras...

Não contente com isto, e só para confirmar a regra, acordei, claro, a custo. Olhos pesados e cérebro imóvel. Mas a ouvir (outra vez???) Rhianna, a ecoar-me dentro do espaço oco da cabeça.
Começo a achar que existe uma estranha relação entre o grau de fadiga da minha mente e a tendência para as músicas que detesto me martelarem o ouvido interno.
Os pesadelos são como os azares, um nunca vem só...

Lá cheguei ao comboio. Com os pés a aquecer e o braço apoiado, na expectativa de uns sonos de viagem para desentorpecer. Mas já sabem como é. Os pesadelos são como os azares, um nunca vem só... E tive de vir todo o santo caminho a ouvir, saída das folgas entre uns pavilhões auditivos e uns fones, a uns bons 4 metros de mim, uma música da noite. Será que dá para pensar assim? Dá todo um novo sentido à expressão "duro de ouvido"... Mais umas maldições pensadas e um estrangulamento imaginado.

Pois é, tudo se resolveria com um lago nas traseiras...

Ok: what next?

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